Nunca
li nada de Jones Manoel. Ao menos, não me lembro. Não opino, portanto, sobre
sua produção e eventual adesão ao estalinismo, atualmente em discussão. Falo no
geral.
Nos
últimos tempos, no Brasil, conhecemos “revival” estalinista, não restrito à
juventude. Algumas novas biografias de Stalin, de escassa qualidade, contribuem
mas não explicam o fenômeno.
Levanto
algumas conjeturas sobre essa tendência no Brasil. Primeira, a necessidade de não-trotskistas de
construirem uma “identidade política”, diante da proliferação de grupos que se
reivindicam do marxismo-revolucionário. Alguns grupos, reconheço, com propostas
de levantar o Velho do túmulo, de tão estapafúrdias e irresponsáveis.
Segundo
e talvez mais determinante. No contexto do refluxo mundial do mundo do
trabalho, proliferam as interpretações autoritárias, individualistas,
aparelhistas, etc. da história. O “Pai dos povos” é visto como construtor do
socialismo na URSS, como o vencedor do nazismo, etc. Nessas interpretações,
desaparece o esforço hercúleo dos trabalhadores soviéticos, que carregaram nas
costas, enquanto puderam, o peso da casta burocrática.
Contribui
igualmente uma enorme - e não raro prepotente - ignorância da história da luta
de classes e do comunismo no século 20. Para se informarem sobre essa realidade
no nosso país, recomendo a magnífica biografia de Anita Leocádia sobre seu pai
e o PCB, nesses anos. Essa brilhante historiadora não será acusada de
trotskista!
Não
é questão de sectarismo, de falta de espírito democrático. Dialogo com jovens e
menos jovens que se reivindicam do estalinismo, ignorando o que defendem. Dou
uma de Jesus Cristo e digo aos meus botões: - “Pai perdoai-os, não sabem o que
dizem.”
Mas
não convivo, dialogo, co-participo em atividades com estalinistas empedernidos,
que sabem e abraçam o que propõem. Eles defendem e justificam o massacre pelos
estalinismo de multidões de comunistas, nem sempre da Oposição de Esquerda
[trotskistas]. Nos últimos anos, Stalin andava mandando pra cova seus
seguidores. Beria teria escapado por se adiantar.
Ninguém
pede que torturados convivam com torturadores. Nem que anti-fascistas se
abracem a fascistas. Que judeus afaguem nazistas. Não há razão para um
comunista, de qualquer orientação, faça o mesmo com um estalinista.Nos últimos
tempos, no Brasil, conhecemos “revival” estalinista, não restrito à juventude.
Algumas novas biografias de Stalin, de escassa qualidade, contribuem mas não
explicam o fenômeno.
Levanto
algumas conjeturas sobre essa tendência no Brasil. Primeira, a necessidade de não-trotskistas de
construirem uma “identidade política”, diante da proliferação de grupos que se
reivindicam do marxismo-revolucionário. Alguns grupos, reconheço, com propostas
de levantar o Velho do túmulo, de tão estapafúrdias e irresponsáveis.
Segundo
e talvez mais determinante. No contexto do refluxo mundial do mundo do
trabalho, proliferam as interpretações autoritárias, individualistas,
aparelhistas, etc. da história. O “Pai dos povos” é visto como construtor do
socialismo na URSS, como o vencedor do nazismo, etc. Nessas interpretações,
desaparece o esforço hercúleo dos trabalhadores soviéticos, que carregaram nas
costas, enquanto puderam, o peso da casta burocrática.
Contribui
igualmente uma enorme - e não raro prepotente - ignorância da história da luta
de classes e do comunismo no século 20. Para se informarem sobre essa realidade
no nosso país, recomendo a magnífica biografia de Anita Leocádia sobre seu pai
e o PCB, nesses anos. Essa brilhante historiadora não será acusada de
trotskista!
Não
é questão de sectarismo, de falta de espírito democrático. Dialogo com jovens e
menos jovens que se reivindicam do estalinismo, ignorando o que defendem. Dou
uma de Jesus Cristo e digo aos meus botões: - “Pai perdoai-os, não sabem o que
dizem.”
Mas
não convivo, dialogo, co-participo em atividades com estalinistas empedernidos,
que sabem e abraçam o que propõem. Eles defendem e justificam o massacre pelos
estalinismo de multidões de comunistas, nem sempre da Oposição de Esquerda
[trotskistas]. Nos últimos anos, Stalin andava mandando pra cova seus
seguidores. Beria teria escapado por se adiantar.
Ninguém
pede que torturados convivam com torturadores. Nem que anti-fascistas se
abracem a fascistas. Que judeus afaguem nazistas. Não há razão para um
comunista, de qualquer orientação, faça o mesmo com um estalinista.
Mário Maestri
Professor da UPF - Universidade de Passo Fundo