O CASO TUKATCHEVSKI
Em
12 de junho de 1937, era executado o marechal Mikhail Tukatchevski, grande
herói da Guerra Civil. Era acusado de conspiração
“fascista-trotskista-direitista”. Iniciavam-se fatos de consequências terríveis
para a URSS. Losurdo resolve a questão dramática em sete parágrafos, sobre a
execução de Tukatchevski e de “numerosos outros” oficiais. E bota “numerosos” nisso,
Losurdo! Dois outros marechais, oito dos nove almirantes, uns setecentos
generais, em geral membros do Comitê Central. Mais de 15.000 oficiais
assassinados e talvez 40 mil na prisão! Onda de suicídios varreu a oficialidade
do Exército Vermelho quando dos sucessos.
Losurdo
banaliza o tragédia, dedica-se a inocentar Stálin e a sugerir responsabilidade
política de Trotsky!
Segundo
ele, em 1937, o presidente da Tcheco-Eslováquia informara os franceses de
conspiração de Tukatchevski com a Alemanha nazista. A GPU informara Stalin, que
ordenara, em um vapt-vupt, o desventramento do Exército Vermelho. Losurdo apoia
a tese da conspiração em declarações de Churchill e Hitler! E balbucia que
“dúvidas permanecem” sobre ter ela ocorrido, o que justificaria a carnificina!
E já zombando de seus leitores, afirma que os oficiais restantes “expunham com
franqueza as suas opiniões […] sem hesitar em contradizer o líder supremo […].”
Ninguém temeria terminar no círculo ártico ou com um tiro na nuca!
Abertos
os arquivos soviéticos e alemães, neca sobre a conspiração multitudinária:
apenas informações documentais sobre a falsificação nazista de documentos
relativos à “traição”, ao igual do também feito pela polícia política
estalinista. Cada um por suas razões.
Losurdo
maravilha-se que não foi a sede de sangue de Stálin que levou à mortandade, mas
razões políticas: possivelmente eliminar oficiais bolcheviques de prestígio que
combateram sob as ordens de Léon Trotsky. Oficiais que, entre eles,
sussurrariam críticas, que não podiam discutir em um partido comunista
aterrorizado. A sorte da família Tukachevsky foi sinistra, como a de tantos
outros oficiais.
Oito
décadas passadas, nossa homenagem a esses soldados da revolução proletária, que
não merecem ter suas memórias enxovalhadas por um assassino de memórias.
Mário Maestri
Professor da UPF - Universidade de Passo Fundo