Rosa da Fonseca não existe mais por si e em si. Rosa se foi como viveu: combatendo o capitalismo, as opressões, o governo Bolsonaro... o câncer. Mas, Rosa está presente. Eu a sinto agora e não há nada de transcendental nisso.
A morte é uma resposta da natureza ao nosso desafio de existir e viver, é o destino dos indivíduos singulares. A quase totalidade dos mortos fica circunscrita às lembranças de familiares e amigos. No entanto, Rosa rompe esses estreitos limites. Sua vida foi tecida nas lutas de nosso povo em variadas dimensões. Em qual frente de luta Rosa não se vez presente? Das periferias ao parlamento, da escola à defesa da libertação das mulheres, do movimento sindical ao ecologismo anticapitalista.
Rosa sobrevive à morte por sua produção consciente e socialmente importante para a emancipação da classe trabalhadora. A atividade revolucionária de Rosa foi universal e significativa. Por isso, sua biografia é repleta de lições.
Quem luta ao lado dos explorados e oprimidos não é perdoado pelas classes dominantes. Rosa nunca capitulou, nunca se vendeu, nunca transigiu diante das engrenagens poderosas do capital. Foi torturada pela ditadura militar, mas não se iludiu com os horizontes da democracia burguesa. Foi sindicalista, mas não se comprimiu nos estreitos horizontes do economicismo e do corporativismo. Foi vereadora, mas não sucumbiu ao cretinismo parlamentar. Foi feminista, mas não cedeu às armadilhas da falsa ideologia do identitarismo. Nos diversos grupos políticos nos quais militou (PC do B, PRC, PRO, PART, Crítica Radical), sempre se destacou por suas convicções e militância. Rosa viveu o que pensava com paixão emancipatória.
Encontrei Rosa em diversos períodos de minha vida e em seu sorriso sempre senti que não estava sozinho na luta pela transformação radical dessa sociedade podre. Hoje entendo que o socialismo não é só possível, mas extremamente necessário para a humanidade.
Obrigado, Rosa, por sua vida, por suas lições, por sua amizade.
Frederico Costa