Frederico Costa, professor da UECE
A concepção marxista da história humana parte de um conjunto de coordenadas que podem ser sintetizadas da seguinte maneira:
- a história é produto da atividade humana, ou seja, não é orientada por nenhuma entidade ou força externa ao processo histórico (deuses, “gênio nacional”, raças, natureza);
- a realidade social é mutável em todos seus níveis e aspectos;
- como a história é resultado das ações humanas, as mudanças são regidas por uma legalidade cognoscível;
- as leis históricas, num mesmo movimento de análise, possibilitam explicar a gênese de uma determinada forma de organização social, suas contradições, suas transformações e sua transição para um novo sistema social qualitativamente distinto;
- as transformações sociais conduzem a equilíbrios relativos ou instáveis, isto é, a sistemas histórico-sociais cujas formas e relações internas se dão segundo leis cognoscíveis (comunidade primitiva, escravismo antigo, modo de produção asiático, feudalismo, escravismo colonial, capitalismo, estados operários, por exemplo).
Em síntese, o marxismo possibilita análises de tipo dinâmico (diacrônica) e de tipo estrutural (sincrônica), que estão vinculados num único movimento cognoscitivo que apreende a realidade. Noutras palavras, a concepção marxista da História em seu modelo explicativo une as perspectivas genética e estrutural numa visão integrada do desenvolvimento histórico-social.
Nesse ponto, reside a complexidade do método marxista, pois existe a possibilidade de visões esquemáticas, ora predominando uma perspectiva unilateral genética, ora uma orientação apenas estrutural, mesmo que o postulado metodológico da unidade genética-estrutural seja reconhecido.
Os pesquisadores e as pesquisadores, na área das ciências sociais, que escolhem o marxismo como referencial teórico devem sempre estar atentos para não cair nesses reducionismos.