sábado, 10 de agosto de 2024

Esporte e relações de opressão no Brasil


 

   Sou Celi Taffarel professora Dra. UFBA/UFAL/UESC,  primeira mulher a dirigir uma entidade científica na área da Ciência do Esporte no Brasil, o CBCE - Colégio Brasileira de Ciências  do Esporte.


     A discrepância entre o protagonismo das mulheres na conquista de medalhas e os conselhos e federações do esporte brasileiro, dominados  por homens, tem suas determinações imediatas na estrutura esportiva ocupada  predominantemente por homens que limitam, inibem, obstaculizam, a participação  das mulheres na gestão e administração esportiva ,  reproduzindo no âmbito esportivo o que está enraizado na estrutura da sociedade capitalista, patriarcal, machista em que ainda vivemos. 


  As estruturas esportivas brasileiras estão impregnadas de machistas,  conservadores , que não tem interesse nenhum em alterar relações de dominação. 


    O exemplo recente foi o que aconteceu no Ministério do Esporte que era dirigido por uma mulher, a Ministra Ana Mosser, que foi destituída do cargo para beneficiar forças políticas de um homem. 


   A estrutura esportiva reproduz a base material das relações de produção e reprodução da vida, ou seja a opressão , a exploração da mulher.


     O que encontramos no âmbito da ciência, do esporte,  nos poderes executivo, legislativo, judiciário é a predominância  de homens, brancos, conservadores, preconceituosos, machistas.


  A explicação desta discrepância esta na infraestrutura e na superestrutura  capitalista.


   O predomínio dos homens vai desde dirigir o Banco Central até dirigir as entidades esportivas. Isto é  próprio  de uma sociedade patriarcal, conservadora, opressora, exploradora .


   A transformação desta estrutura conservadora , patriarcal, machista, passa pela consciência de classe da situação e , a luta da classe trabalhadora e dentro dela , a luta de gênero e a luta étnico-racial.


 Vivemos na pré-história das relações sociais possíveis à humanidade. 


  Vamos superar este estado de coisas quando formos capazes, enquanto humanidade, de superar a exploração de seres humanos por parte de seres desumanos. 


     E isto exigirá cada vez com mais força, vigor e coragem a luta das mulheres em todos os âmbitos da vida humana porque não nos basta ocupar postos e ganhar medalhas.


  Queremos alterar radicalmente as relações de opressão e exploração.